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Vestígios de uma alma nômade

  • Le Siqueira
  • 12 de fev. de 2017
  • 13 min de leitura

Le Siqueira e Pedro Costa

Este texto, escrito há dois anos, mostra vários indícios, dicas deixadas pelo caminho como que profecias do destino... Na época, apesar da visível propensão à vida nômade, e da simpatia pelos costumes e tradições ciganas, nem me passava pela cabeça produzir profissionalmente roupa cigana, quiçá criar a marca Le Gitana... O relato, bastante intimista, mostra parte de minha visão poética e mística da vida; parece longo, mas está recheado de belas fotos, e não leva mais que vinte minutos de leitura... Para quem quiser saber um pouco mais sobre quem somos, embarque conosco, e boa viagem!

Páscoa de 2015

“A vista é tão linda que meus olhos, às vezes confusos, não conseguem definir onde acaba o mar e começa o céu.”

O feriado inesquecível foi precedido por ansiedade incontida, de dias eternos, formados por longas horas e infindáveis minutos... Por vezes me surpreendi fazendo a mim mesma as impertinentes e infantis perguntas: falta muito? Está chegando?

Em ocasiões como essa é comum eu ser tomada de assalto por lembranças dos lugares por onde andei, alguns dos quais mais marcantes que outros, como por exemplo, o Rio de Janeiro, cidade maravilhosa que conheci há uns dezoito anos, por ocasião da primeira feira de móveis de que participei... Mais ou menos à mesma época em que conheci a capital Brasília, por semelhantes compromissos profissionais, quando fiz minha primeira viagem de avião.

O pensamento viaja também. Enquanto passeio em memória pelos lugares, me vêm à mente as experiências vividas... Como a primeira e deslumbrante visão da chuva aproximadamente aos dois anos de idade; o nascimento da minha segunda irmã mais nova, em um momento que me fez tomar consciência do surgimento da vida, seus mecanismos, sua fragilidade e, sobretudo, sua importância; mais adiante a compra do meu primeiro imóvel, me despertando para a capacidade de realizar.

Entre as viagens e experiências acabo chegando a uma, particularmente marcante: uma aventura que, pela inconsequência e irresponsabilidade quase poderia ser classificada de adolescente, não fosse pela idade dos protagonistas, Pedro e eu, ambos no entorno dos quarenta anos, quando em Bombinhas – SC, passamos uma noite no porta-malas do carro, um Vectra – ano 97, tão seguros e realizados como crianças acampadas no meio da sala de estar. Naquele cenário de sonhos vivi mais uma, talvez a mais importante das experiências; na verdade não posso precisar se foi realmente ali e naquele dia... Mas foi por essa época que realizei o que poderia nomear “o encontro de uma vida”, a descoberta do amor em sua expressão mais intensa e permanente, pelo menos como o sinto até este momento.

Viajar é para mim quase tão vital como respirar; quando tinha apenas cinco anos e ainda não sabia nada da vida, ficava olhando as montanhas ao longe...

Linha do horizonte

A cada camada de diferente distância elas mudavam de cor, cada vez mais claras, até que as últimas que a vista alcançava assumiam uma cor cinza azulada, quase se confundindo com o céu... Na minha inocência eu imaginava que se um dia chegasse até lá poderia tocar o céu com os dedos, abrir ali um buraco e ver o que tem do outro lado. Cresci querendo chegar à linha do horizonte e às vezes fico pensando se devo isso a uma parcela de sangue cigano, misturado em algum ponto à já rica sopa que era o sangue de minha família, cuja árvore genealógica inclui ramos muito distantes entre si, com pontas na Alemanha e na Galiléia. Acabou que nasci aqui, no interior de Santa Catarina, um espírito nômade aprisionado neste frágil corpo ocidental.

Enfim, de volta ao presente... Como diria algum poeta, “até que enfim é sexta-feira”, mas sexta-feira santa, feriado... Talvez eu esteja na iminência de estabelecer para mim um novo significado para esta expressão: “santa”.

São 4:00h, é madrugada e o despertador toca; vamos lá!! Café apressado, mas não menos saboroso, acompanhado do costumeiro pão bem torradinho, e agora do novato, imposto pela recente condição física desse já mencionado frágil corpinho, o leite desnatado, delicioso como ele só. Saltitante, quase incontrolável; tagarela na partida; aqui vou eu...

Rodovia dos Tamoios

Ver o dia raiar, o sol brotar na linha do horizonte, são impagáveis momentos que as fotos apenas testemunham, pois sempre tem aquele momento “mágico”, que as palavras não descrevem, e a foto não registra... Mesmo assim eu insisto, tentando satisfazer o desejo de eternizar de alguma forma o que vejo e sinto.

Rodovia Rio-Santos

Muitas das fotos são tiradas de dentro do carro em movimento, dirigido pelo Pedro, meu velho parceiro, companheiro de vida e de aventuras. O caminho descortina a cada curva um novo prenúncio do que posteriormente eu entenderei como prova viva da existência do paraíso na terra.

O final de semana foi um presente do casal de amigos Magalhães e Célia, pessoas ímpares que tivemos a felicidade de encontrar nesta vida. Passamos pela bela cidade de Ubatuba, onde residem, para ultimar detalhes da estadia que tão gentilmente nos ofereceram.

Próxima parada: Angra dos Reis.

Cigana do mar

Arranjar estacionamento para três dias, localizar o ponto de embarque provisório enquanto duram as obras no terminal, conseguir informação sobre os barcos que estão operando no feriado... A correria não nos deixa perceber, mas ali, enquanto esperamos o transporte para a Ilha Grande, dentro de nós está nascendo o nome do nosso próximo veleiro. No cais, entre as tantas fotografias que sempre fazemos, ela surge ao fundo, e sem ser convidada, faceira como deve ser toda cigana, impõe sua presença para que a admiremos, a escuna Cigana do Mar, linda!

Vila do Abraão - Ilha Grande

Ao chegar à Ilha Grande, no terminal da enseada do Abraão, conferimos as fotos armazenadas no celular para reconhecer a embarcação de apoio que deve estar à nossa espera com o caseiro Leonardo, o Naldinho. Nem teria sido necessário; ao dispersar-se a multidão, reconhecemos de pronto a inconfundível Marlian, já manobrando para nos apanhar. Entreolhamo-nos animados enquanto embarcamos nossa bagagem, que em algum dia já foi classificada como “suprimento para uma volta ao mundo”, e lá vamos nós.

Saco do Céu - Ilha Grande
Saco do Céu - Ilha Grande

Preferimos não sentar para não perder nenhum detalhe desta última perna que nos separa do pedaço de céu que estamos prestes a conhecer. Ao longo do trajeto as pedras assumem as mais variadas formas; igual criança que, deitada na grama viaja com a imaginação ao olhar as nuvens, eu viajo ali, agora contemplando as pedras... Uma parece um elefante marinho num preguiçoso banho de sol, várias parecem rostos, um deles nitidamente sorri para mim! Outra lembra uma dessas beldades que vemos de bruços, com suas formas a bronzear... Devia estar tão bom que dormiu e não viu a tarde chegar; daqui a pouco a água bate e, como diz o ditado, se não souber nadar, aprende na hora. De repente vejo uma que parece uma mala, perdida ou talvez jogada, quem sabe... E nesse estado de contemplação reflito: Pode ser que em um passado longínquo alguém a tenha abandonado porque ali não se precisa de mais nada, e a pobre mala, agora fossilizada, jaz com histórias e segredos indecifráveis eternamente selados em seu interior.

Eis que ao dobrar mais uma ponta o coração bate ao ritmo do motor da embarcação que nos transporta; surge à vista o lugar, a casinha antiga, com aparência colonial, a

Saco do Céu - Ilha Grande

prainha, a montanha... Tudo ali tem um tom de paz que pintor algum logrará retratar. Sinto-me como a reviver um velho sonho ou uma lembrança remota, há muito enterrada no subconsciente. Penso que talvez em algum ponto do tempo e do espaço recebamos um itinerário da vida para dar uma corrida de olhos antes de nascer para coloca-la em prática; daí que de vez em quando encontramos uma pessoa ou lugar que sabemos com certeza não conhecer, mas mesmo assim nos vem essa inquietante sensação de familiaridade.

Desembarcamos e somos apresentados às nossas acomodações; tento em vão guardar as malas e organizar as coisas que utilizaremos nos próximos dois dias, mas sou interrompida a cada minuto pelo Pedro que explora cada pedra, seja da calçada, do quebra-mar sobre o qual a casa foi edificada, ou da própria casa... Até que não resisto e, mesmo com o cansaço da viagem, me junto a ele para, já sob o lusco-fusco da noite chegando, gravar na alma os detalhes ali deixados pela história, pelos homens ou pela própria natureza, agora ao nosso dispor. Os peixes ainda pulam aqui e ali, nos dando as boas vindas; vejo no canto esquerdo da prainha algumas pessoas adiando sua partida enquanto brincam com uma tartaruga, próximas aos corais... Mais tarde ainda gasto algumas horas tentando encontra-la, o que lamento muito não conseguir; mas sou compensada pela visão maravilhosa dos corais de diversas formas e cores, cuja beleza me vejo incapaz de registrar com justiça por falta de uma câmera subaquática...

Coqueiros - Saco do Céu

Somos alcançados pela noite, deitados na rede armada entre dois coqueiros estrategicamente plantados no gramado de frente para o mar, embalados por uma suave brisa enquanto localizamos as estrelas, reconhecidas aos poucos... Primeiro o falso cruzeiro do sul, depois o verdadeiro, mais ao norte já se destacam as três Marias, parte da constelação de Orion, tudo sob as explicações do capitão Pedro como a justificar o tempo investido em estudos de astronomia na época em que tirou

Rede, Coqueiros - Saco do Céu

sua habilitação, a qual para ele parece ter status de título. Eu ouço atentamente, a fim de massagear-lhe o ego, em troca da reverência com que ele sempre a mim se refere como sua almiranta (almiranta eu até perdoo, presidenta nunca!), mesmo nesse ínterim em que estamos sem veleiro. No fundo sei que não passa de romantismo, pois por mais que ele creia mesmo ser capaz de se orientar pelo céu, jamais se atreverá a fazê-lo sem um GPS a confirmar o rumo.

Depois de um banho quente e revigorante, preparo um lanche criado ali mesmo, de improviso, com os ingredientes que temos à mão: pão, ovos, tomate-cereja e maionese com ervas finas e azeitona preta; o mais delicioso que já saboreamos, não sei se por ter sido temperado pela fome ou pelo ambiente paradisíaco, ou por ambos... Degustamos lentamente na varanda ao som das ondas que quebram ali na nossa frente. Depois ainda caminhamos descalços pela praia agora só nossa, acompanhados pelo canto de aves cuja quantidade não dá para definir... Tão próximas a ponto de dar a impressão que se eu esticasse os braços poderia toca-las. Apesar do enlevo de que estamos tomados, precisamos dormir, e a única coisa capaz de me convencer é o fato de que ainda estamos há poucas horas no paraíso, amanhã é um novo dia e precisamos estar inteiros para explora-lo.

Saco do Céu - Ilha Grande

Acordo com a luz do dia. O capuccino na varanda de frente para o mar é o mais bonito e gostoso que já provamos... Noto que essa descrição já está virando lugar comum, mas não tem como evitar; é um deleite para o paladar, olhos, ouvidos e até para a alma. Lembro-me da expressão “acampamento selvagem” utilizada pelo Magalhães na mensagem enviada dias antes ao Pedro e penso comigo mesma: se todo esse conforto for selvagem, nunca mais quero voltar para a civilização.

Aproveitamos a praia ainda deserta, exclusivamente nossa até que os primeiros barcos comecem a trazer turistas... Sem conhecer a lenda fabricada para justificar a tentativa de mudar o histórico nome da praia da aguada, desenho ali um coração e nele gravo nossos nomes; em seguida desenho um beijo, simbolizando a reverência a tão bela sensação... E já que não aparece ninguém, dou asas à imaginação enquanto tenho a praia inteira como uma tela em branco à minha disposição; à medida que desenho um veleiro, me vem à mente o barco que mexeu comigo no dia anterior, e escrevo, quase sem querer, a palavra

Praia da Aguada - Saco do Céu - Ilha Grande

“NÔMADES”... Mostro aquilo ao Pedro, que concorda comigo: nosso próximo veleiro já tem nome. Termino o desenho com bandeira e remendos nas velas... E cravo sua âncora bem ali naquelas areias, com direito a fotos, tiradas pelo meu paparazzi predileto.

Em seguida lá vai o Pedro para o trapiche, ar compenetrado, munido de vara e anzol; pelo visto levou a sério minha advertência de que se não pescar não tem almoço... Mas, isca que é bom, não trouxe. Então caçamos algumas baratinhas nas pedras, as quais não dão muito resultado, a exemplo dos moluscos extraídos de suas conchas com o mesmo destino. Por fim ele resolve tentar a sorte com um pequeno caranguejo; finalmente alguma ação... Se não pegou o peixe, pelo menos teve alguma adrenalina... O peixe, que em meus devaneios eu já tinha planejado assar na fogueira, fugiu levando caranguejo, anzol e linha. Sobrou pra mim o pescador, teimoso como eu, porém frustrado, a consolar. Na minha contagem está: Romantismo 10 X 0 Sobrevivência.

Aprendida a lição de sobrevivência (sobreviver na natureza é muito fácil, desde que se leve enlatados suficientes), saio em busca de gravetos para meu próximo sonho a realizar, um há muito tempo acalentado: a fogueira em uma praia deserta em noite de luar... vi a oportunidade me acenando naquele cenário deslumbrante; gravetos é o que não falta, é só deixar ao sol para logo mais à noite estarem bem secos.

Ilha Grande - RJ

A despeito da insistência do capitão em utilizar o bote a remos para irmos almoçar no famoso “Cadiquinho”, tenho medo e resisto com veemência suficiente até ele se conformar em trocar a remada por uma aventura na trilha, bem ao estilo “Indiana Jones”. Valeu a pena, porque a trilha parece não ser muito utilizada, e nos rende bons momentos... Alguns trechos

Ilha Grande - RJ

de mata fechada, muitas teias de aranha e duas pequenas pontes, uma delas com aspecto bem antigo e deteriorado, de dar friozinho na barriga para atravessar... Fora o encontro de um chalezinho quase a se desmanchar sozinho, no meio da trilha... Depois de algum tempo, que parece não terminar nunca, o olfato assume o posto de nosso principal sentido; primeiro sentimos um aroma muito bom, de alguma planta que não conseguimos identificar... Em seguida somos praticamente arrastados pelo nariz por um cheiro de peixe frito com alho, irresistível, que promove uma guerra voraz entre as lombrigas em busca do primeiro lugar na fila... Flutuamos pela onda de aroma hipnótico que nos leva direto ao tal Cadiquinho, que de cadiquinho não tem nada, nem nome,

Cadiquinho - Ilha Grande - RJ

nem tamanho... Chama-se Refúgio das Caravelas e é enorme! Ali nos deliciamos com uma cavala grelhada muito bem servida, e só pra não perder o costume, a mais deliciosa que já provamos... Antes de voltar tomamos ainda um sorvete de milho, o sabor preferido do capitão.

Fogueira

De volta ao rancho, depois de um dia perfeito, montamos a fogueira; agora é só aguardar a chegada da noite, que promete, enquanto aproveitamos para tomar um banho quente.

Fogueira Cigana

Tudo perfeito outra vez; em um piscar de olhos lá estamos nós. Localizamos facilmente as constelações aqui e ali, como rege o roteiro do meu sonho... Pedro segue o ritual ditado por mim e acende sem dificuldade a fogueira; eu já vestida como no sonho, deliro ao sentir o rosto queimar com o calor emanado das labaredas. Brindamos ao redor da chama com o vinho há tempos guardado para uma ocasião especial... Mais especial que isso impossível! Vivo de verdade, plenamente, este momento único, mas quem não viu pensará que foi mera imaginação, apesar de que isso também não me falta, graças a Deus! Brindamos à vida, ao amor, à aventura e ao sonho... Em enormes copos bebemos todo o vinho, não sem antes nos extasiarmos com a beleza indescritível do lugar; a lua cheia torna tudo mágico, o céu sem nuvens adquire um tom índigo profundo, pontilhado de infinitas estrelas, como um manto a tocar as copas das árvores, cujos troncos resplandecem prateados pelo luar... Até o mar calmo sussurra baixinho aos nossos ouvidos para não quebrar a grandiosidade do momento. Busco o olhar do Pedro para confirmar que ele vê em todos os detalhes o mesmo que eu, e percebo em seu intenso brilho o meu reflexo, constatando que não estou sozinha naquela sensação arrebatadora.

Lua Cheia

Conversamos em silêncio, os olhos dizendo o que as palavras não traduzem. Decido então que no dia em que meu espírito deixar este corpo, quero pairar em lugares como este para enfim apreciar toda a beleza sem perder absolutamente nada. Fechamos com chave de ouro nossa noite, e antes que dela se possa fazer uma cópia, jogamo-la ao mar. Dormimos não o sono dos justos, porque ainda é muito cedo, mas o sono dos felizes.

Restaurante Reis Magos - Ilha Grande - RJ
Estrela do Mar - Saco do Céu - Ilha Grande

Amanhece nosso último dia na ilha; ainda em clima de sonho, deixo-me finalmente convencer a embarcar no bote, mas com colete... Partimos da ponta esquerda da praia em direção ao restaurante “Reis Magos”, mais ao fundo; lá vejo uma linda estrela do mar vermelha, enorme; no caminho passamos sobre corais de infinitas formas e cores, desde laranja, vermelho e vinho até azul turquesa e verde esmeralda; entre eles peixes listrados de todos os tamanhos nadam ignorando nossa presença. Mais uma vez lamento a qualidade das fotos que insistem em registrar o reflexo do céu na água em lugar da beleza abaixo dela; um dia volto aqui melhor equipada. Vejo também corais que lembram cérebros, e fico imaginando se não seriam uma ironia da natureza em alusão aos seres que depredam ou sujam o mar, deixando ali sua massa encefálica. Terminamos de ladear a margem oposta, atravessamos a enseada e chegamos novamente à prainha pela ponta direita, passando antes em frente ao trapiche.

Corais - Ilha Grande - RJ
Corais - Ilha Grande - RJ

Ainda não me decidi se quero banho de mar, pegar pedras ou conchinhas... Como a praia ainda está deserta e é só nossa, começo a escrever na areia, expondo ali perante o universo, um pouquinho do que minha alma ainda está plena; escrevo um verso que dedico ao Pedro:

“O mar de um verde indescritível

O céu de um luar prateado

O fogo que tudo aqueceu

Os sonhos,

O coração.”

Saco do Céu - Ilha Grande - RJ

Sou despertada mais uma vez para a realidade pelo ruído de barcos se aproximando, são novos turistas, ou os mesmos de volta. Apago rapidamente minhas sinceras palavras ali registradas antes que pés profanos as pisem.

Vila do Abraão - Ilha Grande - RJ

Temos que ir embora. Que pena! Pedro queria ficar mais um pouco... Eu também. Uma horinha a mais, mais uma tarde, mais uma noite. Não tem jeito, é difícil deixar o paraíso, mas a louca rotina da vida urbana nos chama de volta. Nossa luta em busca da liberdade ainda não chegou ao fim. Partimos olhando pra trás, como a adiar a última visão daquele pedaço do céu; fazemos as últimas fotos na tentativa de leva-lo conosco. Vamos agradecidos pelos momentos ali vividos.

Gaivotas - Ilha Grande - RJ

Enquanto aguardamos a escuna que nos levará de volta a Angra, às 17:00h, passamos a tarde explorando e fotografando a bastante movimentada, mas mesmo assim bela e simpática vila do Abraão, a capital da ilha.

Escuna - Angra dos Reis - Ilha Grande
Veleiro - Nevoeiro - Ilha Grande

Como um capricho da natureza para temperar de emoção nossa aventura, bem na hora de zarpar o tempo vira e cai um temporal. O Pedro diz que não... Que é apenas uma chuva forte. Temporal ou não, se estivéssemos em um veleiro eu ia implorar para não levantar âncora; como não estamos, vamos lá... Chuva muito forte e o barco superlotado, confesso que

Por do Sol - Angra dos Reis - RJ
Arco Iris - Angra dos Reis - RJ

sinto medo... Em dado momento pergunto ao meu capitão particular se seria de bom tom vestir nossos coletes pessoais, já que tenho a nítida impressão de que não tem colete pra todo mundo a bordo. Ele disfarça um sorriso, mas eu percebo. No meio do percurso cruzamos com um veleiro em sentido contrário, com bastante vela, seguindo com a tempestade... Cara maluco! Ainda conseguimos bater duas fotos antes de ele sumir no meio do aguaceiro. Mas, como diz o ditado popular, o sol sempre volta a brilhar; fazemos ainda lindas fotos do crepúsculo e de um gordo e preguiçoso arco-íris. Lindas fotos também nos aguardam em Angra, já ao anoitecer.

Angra dos Reis - Terminal de Embarque à noite

Na viagem de volta, o capitão, agora novamente “motorista”, decide subir a serra pela Oswaldo Cruz, em vez da Rodovia dos Tamoios, por onde descemos. Já que o assunto aqui é aventura, a escolha não poderia ter sido melhor... Lembrando muito nossa bem conhecida Estrada da Graciosa, que liga Curitiba a Morretes e Antonina, mas multiplicando em muitas vezes suas curvas, além de muito mais íngreme, a impressão que tenho em alguns pontos é a de que o carro vai tombar para trás... Mas foi providencial; isso nos mantém acordados e bem ligados, apesar do cansaço... Adrenalina pura!

Antes disso, no entanto, ainda passamos em Ubatuba para agradecer, não como deveríamos, mas como a situação nos permite, aos nossos queridos amigos Magalhães e Célia, que além de tudo ainda nos aguardaram até tarde da noite para conversar sobre nosso passeio... Aliás, nossas conversas sempre ficam pela metade, já que nunca há tempo suficiente para conversar tudo com tão doces pessoas. E não há palavras capazes de expressar nossa gratidão por tamanho carinho e desprendimento, demonstrado não apenas nesta ocasião, mas sempre, desde que nos conhecemos.

Magalhães e Célia, nossa eterna gratidão por fazerem de forma tão linda, parte de nossas melhores memórias.

Le Siqueira e Pedro Costa

03, 04 e 05 de abril de 2015

Lembranças do Saco do Céu, Ilha Grande – RJ.

Créditos:

Texto – Le Siqueira

Revisão e diagramação – Pedro Costa

Fotos – Le Siqueira e Pedro Costa

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